🔍 Barcelona 🆚 Benfica
Resultado justo e esclarecedor: Diferença de nível evidente numa fase da Champions onde os erros se pagam caro.
⚽️ Banho de realidade: O Barcelona superiorizou-se em campo de forma clara e espelhou a diferença de qualidade individual e coletiva em comparação com um futebol impotente e frágil do Benfica, o que criou mossa nesta fase mais adiantada da Champions (trocou a bola como quis, tanto em organização como em transição).
🔺 Menção honrosa para mais uma exibição autoritária de Otamendi: Aos 37 anos, o capitão atravessa um momento de forma fenomenal e foi dos poucos elementos que não tremeu e manteve o seu nível habitual (agressividade positiva e imponência nos duelos, algo que faltou ao coletivo, que foi lento, passivo e fez apenas 8 faltas).
🔻 Dificuldades evidentes na construção: A equipa demonstrou problemas na circulação (desta feita, não conseguiu trocar 4/5 passes seguidos para sair da pressão e lançar o contra-ataque) e isso fez com que passasse a maioria do tempo a controlar espaços (vários jogadores perdem a posse facilmente quando são pressionados).
👔 Lage preparou uma estratégia de jogo direta e vertical, mas nunca conseguiu enquadrar Kökçü (não apareceu em campo) ou Schjelderup para ativar os espaços entre linhas e solicitar a profundidade (muita bola longa colocada sem qualquer critério) e acabou condicionado pela derrota injusta da primeira mão.
🔴 Prova aceitável e digna do Benfica com a chegada aos oitavos de final e exibições categóricas contra Atlético e Juventus, ficando porém a ideia de que, para sermos mais competitivos a nível tático, técnico e físico, será necessário um upgrade de talento e competência em várias posições na próxima edição.
1️⃣ Trubin ⭐⭐
Sofreu três golos onde pouco podia fazer (há dúvidas apenas em relação ao acerto do seu posicionamento no golaço de Yamal, onde a bola vai puxada à malha lateral da baliza). Contudo, ainda foi a tempo de travar uma oportunidade clara do Barça com uma boa defesa a remate de Lewandowski. Ficará a agradecer o ritmo baixo imposto nos segundos quarenta e cinco minutos para não sair de Espanha de saco cheio.
4️⃣4️⃣ Tomás Araújo ⭐
Dizemos e reforçamos: Estamos a queimar um excelente central como opção de recurso a lateral. Colado à linha, espelha algumas debilidades para circular com pouco espaço (tem menos linhas de passe) e não tem perfil de ala para fazer piscinas no flanco (rebenta cedo e isso é visível na queda de discernimento na tomada de decisão). A defender, mostrou-se demasiado permissivo e mole na marcação.
4️⃣ António Silva ⭐⭐⭐
Desta feita, não comprometeu em termos individuais (seis alívios e dez ações defensivas). Apesar de, em parceria com Otamendi, ter controlado os movimentos de Lewandowski (o elemento ‘menos’ do ataque do Barça), foi um dos jogadores mais pressionados porque tem dificuldades óbvias a sair a jogar. Todavia, mais vale aliviar na frente do que perder a bola em terrenos comprometedores.
3️⃣0️⃣ Otamendi ⭐⭐⭐⭐
Marcou o golo de honra da eliminatória, deu outro a marcar a Amdouni e, globalmente, esteve a um nível alto, fazendo dobras permanentes e varrendo muitas investidas do adversário pela sua experiência e maturidade posicional (quatro intercepções e onze ações defensivas, um máximo da partida). Por mérito próprio, começa a dividir os Benfiquistas relativamente à sua renovação contratual.
2️⃣6️⃣ Samuel Dahl ⭐
Chumbou no primeiro teste exigente como lateral e foi atropelado por Yamal, o que não é propriamente uma vergonha, dado que teve de controlar um jogador top-5 mundial (é preciso reconhecer que Carreras está num patamar altíssimo e secou por duas vezes o craque espanhol). Sem grande espaço para progredir, o sueco subiu ligeiramente o nível na segunda parte (sete desarmes, o melhor registo encarnado).
6️⃣1️⃣ Florentino ⭐
Precisa de estar bem fisicamente para fazer a diferença e esse fator foi fatal para uma exibição curta onde nunca conseguiu estancar a exploração de espaços aplicada pelos blaugrana (apenas seis duelos ganhos em dezasseis e ultrapassado cinco vezes em drible). Com bola, tal como António Silva, foi o rosto visível da incapacidade coletiva para sair da pressão (falhou cinco passes de risco).
8️⃣ Aursnes ⭐⭐
Nestas partidas, notam-se as debilidades a nível da retenção de posse (queimou algumas vezes os colegas do setor defensivo pela escassa capacidade em segurar e soltar na frente). Sem bola e sem Orkun, Tino e Fred foram insuficientes para travar a aglomeração de De Jong, Pedri, Olmo, Raphinha e Yamal por dentro e andaram sempre às aranhas no posicionamento (quase sempre a ver jogar).
1️⃣0️⃣ Kökçü ⭐
Desilusão autêntica a este nível. O turco foi completamente sugado em termos físicos e táticos, o que impactou (e de que maneira) a vertente técnica. Quando sobe o nível, Orkun não tem acompanhado e exige-se mais à contratação mais cara da história do Benfica. Se, sem bola, já todos sabemos que é lento, pouco ágil e com pouco raio de ação, com ela tem de pegar na batuta e jogar com uma mudança acima. Curtíssimo.
1️⃣7️⃣ Aktürkoğlu ⭐
Sem bola e longe da baliza, não consegue acrescentar nada ao coletivo (o flanco direito prejudica-o de forma flagrante). O turco é uma espécie de avançado interior com perfil de poucos toques e instinto para aparecer nos espaços certos dentro da área, tendo lacunas na criação (passe e drible) que ficam expostas quando tem de se associar com os colegas. Precisa de ter oportunidades de golo para fazer a diferença.
2️⃣1️⃣ Schjelderup ⭐⭐
Valeu pela assistência com uma boa batida no canto que deu golo. O norueguês - um dos poucos elementos com confiança para ir para cima da linha defensiva - esvaziou cedo o seu balão de oxigénio e acabou por cair na apatia coletiva que assolou os encarnados com pouca capacidade para ferir em transição. Defensivamente, esteve comprometido (bom carrinho num lance onde Yamal poderia ficar isolado).
1️⃣4️⃣ Pavlidis ⭐⭐⭐
Voluntarioso. Apesar de precisar de melhorar o seu posicionamento para não estragar jogadas ao ser constantemente apanhado em fora de jogo (quatro registos), o grego (que pouco foi solicitado com critério no espaço) esteve maioritariamente isolado numa ilha entre os centrais. Tentou ter bola e fazer com que a equipa respirasse por alguns segundos, mas esteve desacompanhado e não conseguiu desequilibrar.
8️⃣5️⃣ Renato Sanches ⭐⭐⭐
Voltou a entrar bem em jogo com outro critério na circulação e mais capacidade para ter bola no pé (apesar de o Barça ter baixado drasticamente o ritmo de jogo na última meia hora, a equipa respirou melhor com a substituição). Com as debilidades motoras de Kökçü, abre-se a possibilidade de o Bulo ser (sem lesões) o elemento mais disruptivo do meio-campo do Benfica em algumas partidas até ao final da temporada.
1️⃣8️⃣ Barreiro ⭐
Faltou o seu rasgo no último terço com movimentos sem bola nas costas da linha defensiva. O luxemburguês foi para a pista com o intuito de manter o meio-campo ligado à ficha e o camisola ‘18’ acabou por estar certinho ao não complicar no passe (fundamental para contrariar os longos momentos de posse do adversário). É um bom médio de rotação e tem nervo, mas não possui criatividade para mais do que isto.
8️⃣4️⃣ João Rego
[Sem avaliação]
7️⃣ Amdouni ⭐⭐
Foi aposta como extremo esquerdo e deu seguimento aos bons apontamentos que mostrou no sábado, diante do Nacional. Com algumas iniciativas interessantes no um para um, o suíço acaba por sair prejudicado pelas constantes mudanças de posição (já jogou como extremo esquerdo, direito, avançado centro e segundo avançado) e começa a justificar mais minutos no lugar de Kerem (tem mais valências no último terço).
1️⃣9️⃣ Belotti ⭐
Ninguém deu pela sua presença em campo. A sua parelha simultânea com Pavlidis voltou a ser o método escolhido por Lage para chegar à baliza com perigo e, novamente, ficou provado que essa estratégia só faz sentido quando o Benfica está a massacrar e instalado permanentemente no meio-campo adversário. Precisa de ser alimentado e continua sem bons cruzamentos para explorar as suas virtudes.